Humberto Ballerini

Fazendo parte da história de Lorena

História de Lorena 

 

Após a fundação de São Paulo, em 1554 a cobiça do ouro e a aventura lançaram audaciosos homens pelos sertões paulistas. No Vale do Paraíba quase todas as cidades existentes surgiram como necessidade de apoio às expedições .Com Lorena foi assim: nasceu em função da travessia do Rio Paraíba, feita pelos bandeirantes e viajantes que demandavam as Minas Gerais -era o famoso " Porto de Guaypacaré". Uma das primeiras noticías históricas de Lorena data de 1702 quando o capitão-mor Arthur de Sá e Menezes concedeu " provisão de mercê da passagem do rio para o porto conviniente para os passageiros de Minas " O núcleo inicial de povoação surgiu no fim do século XVII com as "roças" de Bento Rodrigues Caldeira, junto ao porto de Guaypacaré, citadas em documentos. 
Lorena não tinha este nome. Remotamente era um pequeno povoado encrustado nos sertões de Guaratinguetá, depois as Roças de Bento Rodrigues Caldeira. Logo em seguida, "Freguesia de Nossa Senhora da Piedade" mas para os índios ela sempre foi "Guaypacaré". 
Segundo Teodoro Sampaio, "Guaypacaré" é um nome tupi que significa braço ou seio da Lagoa Torta, em virtude de um braço do Rio Paraíba ali existente na época. Mais tarde, o nome original deu-se por, por corruptela, Hepacaré, que significa, para Azevedo, Marques, lugar da goiabeiras. 
Em 1718, sob a invocação de Nossa Senhora da Piedadese constituía em Freguesia. Em 14 de novembro de 1788 foi elevada a Vila com o nome de Lorena, por decreto do Capitão-General, então Governador de São Paulo, Bernardo José de Lorena , mais tarde Conde de Sarzedas, razão por que foi dado à nova Vila, o nome atual. 
A Capela de Nossa Senhora da Piedade foi erguida por meio de doações feitas por Bento Rodrigues Caldeira, Jõao de Almeida e Pedro da Costa Colaço, provavelmente em 1698. 
Anos depois foi erguida em seu lugar uma imponente Catedral. Para sua construçao muitas pessoas ilustres empreenderam esforços como o Conde de Moreira Lima e sua mãe. 
Fato interessante é a localização dessa Igreja. Situa-se no local do início da povoação da cidade, ou seja, de frente para o rio Paraíba e o porto que ali existia. A mudança do leito do rio, e o desenvolvimento da povoação que se efetivou mais para Leste, fez com que a Igreja ficasse de costas para cidade. 
Um dos mais lindos casarões antigos, este datado da época do café, é o SOLAR DO CONDE DE MOREIRA LIMA. Construído com os mais finos materiais importados, o Solar que pernoitaram o Imperador Dom Pedro II , a Princesa Isabel e o Conde D'EU, atualmente encontra-se despojado de todas as riquezas que o caracterizavam. Destinado para um orfanato para meninas "brancas", no testamento do Conde, o Solar já foi escola,depois permaneceu fechado por muito tempo, atualmente aloja a Casa da Cultura de Lorena, onde estão o Museu Municipal, a sala Euclides da Cunha e as Secretária de Cultura. O prédio foi tombado pelo CONDEPHAAT.
Outra Igreja histórica de Lorena é o SANTUÁRIO DE SÃO BENEDITO, magnífico monumento de arte e fé católica, cuja idéia de edificação nasceu do compromisso da antiga Irmandade de São Benedito, criada no ano de 1852 quando Lorena ainda era Vila, e do qual se tornou membro o Conde de Moreira Lima , grande benemérito da cidade, contribuindo também para a construção do Santuário, inaugurado em 1884.
Em 15 de novembro de 1917 durante o pontificado do Papa Bento XV, foi o Santúario de São Benedito agregado à Basílica de São Pedro, em Roma, distinção que notabilizou nossa Igreja como o único Santúario Basílica de São Benedito do mundo todo.Assim os fiéis que visitam o Santúario Basílica em Lorena recebem, de acordo com as leis canônicas, as mesmas indulgências daqueles que visitam a Basílica de São Pedro em Roma. De 1868 até hoje, são 132 anos passados das origens da 132, construção e manutenção do Santuário. O mesmo substituiu por algum tempo o movimento religioso da Matriz que passava por uma reforma. O Santuário de São Benedito é uma construção em estilo gótico, sendo de estilo barroco o seu interior .Sob seu altar jazem os despojos do Conde Moreira Lima e sua esposa.
Em 1980 terminou a construção da Matriz e a Igreja de São Benedito voltou a normalidade. Desocupado o Chalet, deu-se a ocupação do mesmo pelos padres Salesianos, que instalaram o educandário para meninos com a designação  de GINÁSIO SÃO JOAQUIM, que em certa época adotou também a designação "Municipal". Apesar das sucessivas reformas, o Colégio ainda conserva algumas características da época em que era um dos melhores do país. 
Outra construção histórica de Lorena é a casa onde moraram o Barão e a Baronesa de Santa Eulália. Localiza-se na Praça do mesmo nome, nº56. A construção do mesmo é contemporânea à do Solar do Conde de Moreira Lima. Foi reformada pelo Engenheiro Ramos de Azevedo, na época da construção da Catedral.
De propriedade de família Pinto Antunes, o SOLAR BAPTISTA D´AZEVEDO é inteiramente mobiliado e decorado com peças autênticas , havendo um parque com exemplares raros de árvores da região ao seu redor. Trata-se de um patrimônio histórico da cidade. 
A FAZENDA AMARELA situa-se no km 73 da rodovia Itajubá-Lorena, centralizada em 117 alqueires. Seu proprietário mais antigo foi o Barão da Bocaína, que a vendeu ao Dr. Arnolfo de Azevedo, e este a família alemã de Adolfo Muller.

A casa situada á Rua Viscondessa de Castro Lima, nº58 é de traçado colonial simples e o prédio é parte de um conjunto de duas casa germinadas , construídas por volta do segundo quartel do século XIX. Originalmente suas paredes eram de taipa-de-pilão. É a mais antiga construção da cidade. 
A habitação localizada à praça Baronesa de Santa Eulália, nº18 é uma das mais antigas de Lorena em "adobe " e tijolos, testemunhando a evolução histórico-urbanístico da cidade, por estar localizada no núcleo primitivo da formação da Vila Guaypacaré. Erguida às margens do rio Paraíba, sua construção é estimada por volta da segunda metade do século XVIII, tendo sofrido a primeira reforma no início do século XIX e a segunda em 1951. 
A SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE LORENA foi fundada a 8 de desembro de 1867, há mais de cem anos portanto, por um grupo de cidadãos que muitos se interessaram em minorar os sofrimentos dos doentes sem recursos e recebendo também escravos velhos e abandonados .Seu primeiro provedor foi o Juiz de Direito da Comarca, Dr.Antonio Joaquim Vilaça, e da Diretoria faziam parte o Conde Moreira Lima, o Barão da Bocaina e pessoas ilustres da cidade. 
O LAR SÃO JOSÉ DE LORENA foi fundado em 1913 pelo Conde José Vicente de Azevedo e logo recebeu o patrocínio do Conde Moreira Lima . Contém 40 pequenos apartamentos onde velhos recebem todo carinho , alimentação, medicamentos e acima de tudo cuidado das irmãs Salesianas especializadas. Esmolas, ofertas de caridosos e verbas governamentais mantém o Lar São José nesse serviço de caridade. 
MONUMENTO AO CONDE MOREIRA LIMA.A 11 de junho de 1842 nascia em Lorena um dos seus maiores filhos. A ele deve-se , dentre outras obras, O Colégio São Joaquim, a Igreja de São Benedito e a Santa Casa de Misericórdia. Após 85 anos de vida findou-se sua preciosa existência, e por isso o povo da cidade lhe tributou especiais homenagens levantando na Praça que recebeu seu nome monumento que perpetua no bronze sua venerada efígie. 
ARNOLFO AZEVEDO, filho de Lorena, como político chegou à Presidente da Câmara dos Deputados Federais. Nasceu em 1868 tendo falecido em 1942. 
Era filho dos Barões de Santa Eulalia e descendente direto de moradores antigos da cidade. A praça principal da cidade tem seu nome. 
GAMA RODRIGUES dedicou parte de sua vida a Lorena, foi médico notável, dinâmico político Deputado Estadual por várias legislaturas, e em Lorena foi vereador e Prefeito Municipal.Durante muitos anos foi chefe político oposicionista do chamado Norte de São Paulo. Tal o sentido imprimido à sua vida e ao amor que dedicou à terra hepacareana que o povo fez erguer, numa praça dedicada a sua pessoa , uma belíssima herma.
Lorena chegou a ter cinco titulares do ìmperio: a Viscondessa de Castro Lima, o Conde de Moreira Lima, o Barão de Castro Lima, o Barão da Bocaina e o Barão de Santa Eulália, além de um Conde do Vaticano, José Vicente de Azevedo. 

 

FASES DA ECONOMIA


A Encruzilhada - Já se mostrou que Lorena foi o local onde os bandeirantes atravessavam o rio Paraíba para seguirem para as minas gerais, passando pela garganta do Embaú, na Serra da Mantiqueira. Esta situação privilegiada provocou o nascimento de outros caminhos, como o de Paraty e Mambucaba, no litoral e para o Rio de Janeiro , o chamado " Caminho Novo". Por todos. transitava, milhares de tropas, levando produtos de além-mar ou descendo a Serra com a produção mineira. Isto levou Lorena a ser o maior centro comercial do Vale do Paraíba, em 1828. A encruzilhada só perdeu importância com a chegada da ferrovia, em 1877. 

Era do Café com um território municipal que chegava até a divisa com a província do Rio de Janeiro, Lorena viu chegar o café aos seus solos em 1794 no seu caminhar para o " Oeste", fazendo nascer os municípios do " Vale Histórico" (Bananal, São José do Barreiro, Areias, Silveiras). O café trouxe muita riqueza, aumentou sua população com muitos escravos, levantou prédios suntuosos e sedes de fazenda ricas. Todos os edifícios imponentes da cidade incluindo as igrejas , foram desta época. No fim do período imperial, todavia o café agonizava nos solos empobrecidos com colheitas cada vez menores, provocando o êxodo de moradores e só não chegou a ser uma "cidade morta" porque já trouxera os soldados do quartel do Exército, os salesianos do Colégio "São Joaquim" e os operários da fábrica de pólvora de Piquete. 

A criação de GadoO empobrecimento dos solos, pela cultura do café, fez baixar o preço das terras, que a partir de 1910, foram sendo adquiridas por fazendeiros mineiros, introduzindo o gado leiteiro, repetindo, com um século de diferença, o que ocorreu na zona da chamada Alta Mojiana (Franca, Batatais,Ituverava,Igarapava,Nuporanga)
Lorena chegou a ser importante centro de produção de leite e derivados, com usinas de benefício e cooperativa. Esta posição foi sustentada até meados do século. 

Industrialização A abertura da Via Presidente Dutra (São Paulo-Rio) fez tranbordar para o Vale do Paraíba a industrialização da Grande São Paulo, cujas terras eram baratas e havia mão de obra. Se São José dos Campos e Taubaté foram as maiores beneficiadas, quase todas as cidades, ao longo da rodovia, viram nascer indústrias. È a fase atual, que dispensa comentários.

- Dados Estatísticos

*Área da unidade territorial
Pessoas residentes  78.974 habitantes
Pessoas residentes área urbana:75.497 habitantes
área rural : 3.477 habitantes

 Área do Município Área Urbana: 25,00 Km2
Área Industrial: 387,00 Km2
Total: 412,00 Km2
**Características Geo-Ambientais
Coordenadas geográficas Longitude: 45°07’16"
Latitude: 02°44’03"
Limites
Norte: Lorena, Piquete
Sul: Cunha
Oeste: Guaratinguetá
Leste: Silveiras, Cachoeira Paulista
Distâncias
São Paulo: 182 Km
Rio de Janeiro: 225 Km
Belo Horizonte: 530 Km
Guaratinguetá: 12 Km
Cachoeira Paulista : 13 Km
Piquete: 16 Km
Silveiras: 38 Km
Cunha: 60 Km
Clima
O clima é quente, com inverno seco
Umidade Relativa do ar Máxima :78,5%
Mínima: 69%
Índice Pluviométrico Média anual: 1.220mm
Temperatura Média Máxima: 22°C
Mínima: 13ºC
Altitude Máxima 
524,00 metros
Estrutura Geológica

A planície lorenense, o fundo chato do Vale, faz parte da planície sedimentar terciária do Vale do Paraíba, que se estende de Jacareí até a soleira de Cachoeira Paulista.
As partes mais elevadas do município, principalmente a Serra do Quebra-
Cangalha, no pequeno planalto por ela formado na porção sul-oriental do município, integram o arqueano, no complexo cristalino brasileiro, que se estende pela metade oriental das macrorregiões Sudeste e Nordeste, excetuadas pequenas faixas litorâneas.

Hidrografia
Todas as terras do município lorenense são drenadas pela bacia do rio Paraíba do Sul. No entanto, esse rio passa duas vezes pelo município; a primeira vez ao sul, ainda sob a denominação de Paraitinga, na divisa com o município de Cunha, e a segunda vez ao norte, já sob o nome de Paraíba do Sul. 
Vocação Turística
Turismo Histórico, Tecnológico e Rural

* Fonte:IBGE
Data Base:30/12/2000
** Fonte:Luís Pasin

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